Hoje, a cantar vamos rezar...
16
Julho – Dia de Nossa Senhora do Carmo
“Nossa Senhora do Carmo,
Que estais no seu altar,
Todos lá vamos,
Ajoelhar e a cantar,
E a cantar vamos rezar”
…
José Francisco Coelho
Este
é sem dúvida nenhuma o nosso hino.
O hino de todos os mourenses.
O hino à nossa
padroeira que todos sabem cantar e todos cantamos a uma só voz. Faz parte de
nós, da nossa história, arreigado nas nossas vidas, no nosso dia-a-dia, no
nosso código genético… tamanha é a nossa devoção e a nossa fé que o temos como
uma oração cantada que nos livra da aflição e nos dá tranquilidade.
Afinal,
quem canta seu mal espanta…
Ela é a Rainha do Céu e da
Terra como tal o seu simbolismo é forte, representa a Mãe. A Mãe de Jesus, a
nossa mãe, nós enquanto mães que sofremos pelos nossos filhos, que os
acompanhamos nas suas angústias, que nos preocupamos, que cuidamos, que
seguimos por caminhos tortuosos, empoeirados, cheios de pedras, rosas e picos…
só por e para eles, numa entrega total… tal como Ela o fez. E que dor tão
grande deve ter sentido… como muitas mães…
Um dia, naquela fase inocente
da vida, questionei: se a mãe de Jesus se chama Maria porque é que esta se
chama Carmo? Sinceramente não me recordo da explicação que me foi dada… mas hoje
voltei a questionar-me… afinal, qual é a história, a origem, da devoção por
esta Mãe que tanto interfere no coração, nas emoções e na vida das nossas
gentes, principalmente nesta altura do ano?
Porque acredito que todo o conhecimento é crescimento pessoal e porque estou grata a Ela por toda a manifestação de amor e protecção sentida... a qui vos deixo a minha pesquisa.
"Cada
Ordem toma o seu nome de um lugar ou de um Santo", João Baconthorp,
Carmelita Inglês do séc. XIV.
A origem do
nome Carmo, e por sua vez Carmelitas (Ordem), surge devido ao Monte Carmelo. Um
monte situado na povoação costeira de Haifa, a norte de Israel, na zona da
Galileia, junto do Mediterrâneo e da Baía de Haifa. Foi aí que viveram os
primeiros carmelitas, junto da fonte de Elias.
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Mosteiro do Carmo - Monte Carmelo (Imagem retirada do Google) |
Em
hebraico, este nome significa «jardim», e em latim «poesia». Na Bíblia, o monte
Carmelo é descrito como um lugar de grande beleza.
Um dia, nesse
monte, durante a prática de um ritual pagão Nossa Senhora apareceu e trazia no
colo aquele que seria o salvador do mundo, Jesus. A partir dessa altura, muitos
profetas passaram a visitar o Monte Carmelo como local de culto.
Durante as peregrinações à Terra Santa (Cruzadas), um grupo de homens
dispostos a seguir Jesus Cristo inspirados
pelo profeta Elias, que vivia no Monte Carmelo numa pequena caverna em total
devoção espiritual, e conduzidos pelo cruzado Bertoldo
(1153 e 1159 d.C.) se reuniu no Monte, e aí construíram uma capela, a primeira dedicada a Nossa Senhora do Carmo. Aos poucos, cresce o número de frades Carmelitas que
se espalham por todo o Monte, vivendo separados uns dos outros em pequenas
cavernas, procurando assim imitar Elias.
Dizem
os registos, que os carmelitas foram expulsos do Monte Carmelo pelos
muçulmanos, e se mudaram para a Europa, onde passaram por grandes dificuldades.
Os frades carmelitas encontravam forte resistência de outras ordens religiosas
para a sua inserção. Eram hostilizados e até satirizados pela maneira como se
vestiam.
Chegaram
a Portugal em 1251 como conselheiros espirituais dos cavaleiros da Ordem do Hospital de São João de
Jerusalém e foi-lhes doado um convento construído pelos referidos cavaleiros,
em Moura. Este Templo religioso, de grande valor
arquitectónico e etnográfico, foi sede da Ordem Carmelita e o primeiro convento
desta Ordem na Península Ibérica.
Nuno Álvares Pereira fez grandes doações ao convento e daqui
levou os frades para fundar o Convento do Carmo em Lisboa, no ano de 1397. Foi a partir do Convento de Moura que os Carmelitas
irradiaram para todo o país e, posteriormente, também para o Brasil.
Porque se comemora o dia 16 de Julho
como sendo o dia de Nossa Senhora do Carmo?
Quando
os Carmelitas chegaram à Europa, o superior geral da ordem era um inglês de
nome Simão Stock. Um homem de fé e grande devoto de Nossa Senhora. Refere a
lenda que no dia 16 de Julho de 1251, quando rezava no seu convento em Cambridge, na Inglaterra, São Simão pediu a Nossa Senhora um sinal de sua
protecção que fosse visível também para os seus inimigos. Teve então uma visão
em que Nossa Senhora lhe entrega o escapulário (avental usado pelos monges durante
o trabalho para não sujar a túnica, era colocado sobre as escápulas (ombros), e
ainda hoje é usado) com a promessa:
“Recebe,
filho amado, este escapulário. Todo o que com ele morrer, não padecerá a
perdição no fogo eterno. Ele é sinal de salvação, defesa nos perigos, aliança
de paz e pacto sempiterno”.
Após a visão de São Simão, e
por tão fortes palavras e cheias de intenção, foi criado um escapulário mais reduzido,
para ser doado ao povo. Permitindo assim, a quem
o usasse, poder participar da espiritualidade do Carmelo e das grandes graças
que a ele estão ligadas, tornando-se um símbolo
de devoção e afeto para com a Senhora do Carmo assim como um símbolo de protecção
divina.
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Escapulário (Imagem retirada do Google) |
Desde 1332,
no dia 16 de Julho de cada ano, a ordem celebra a festa religiosa de Nossa
Senhora do Carmo. O papa Bento XIII, em 1726, estendeu a toda a Igreja a
celebração da mesma permitindo assim que os leigos fiéis pudessem também participar. Desta forma a Santa Igreja mostra o desejo de que todos tenham a possibilidade de
revestir-se de um escapulário abençoado colocado por um sacerdote (rito da
imposição do escapulário).
São João Paulo II, que usava o escapulário desde a juventude,
escreveu: “O escapulário é sinal de aliança entre Maria e os fiéis.”
Sempre grata pela vossa atenção
Abraço-vos
Teresa
Mais aqui:
www.ordem-do-carmo.pt
https://www.bibliaon.com/elias_no_monte_carmelo
https://pt.aleteia.org
http://www.maezinhadocarmelo.com/destaques.php?title=a-ordem-do-carmelo
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